quarta-feira, 19 de agosto de 2009

golf


(28-03-2007) - Era necessário mexer no Golf, sem mudanças estéticas significativas desde 1998. O carro havia despencado em vendas e fechou 2006 no último lugar entre os hatches médios, com 8.294 unidades vendidas no mercado nacional. Estava atrás, na ordem, de Chevrolet Astra, Ford Focus, Peugeot 307 e Fiat Stilo. A opção de trazer a 5ª geração do modelo foi descartada pelo alto preço que chegaria aqui, colocando-o definitivamente fora da disputa.

Mas para mudar o Golf e fazê-lo atender à expectativa da fábrica de dobrar suas vendas era também necessário gastar o mínimo possível. Assim, as alterações concentraram-se no exterior, em especial na dianteira e na traseira. Os faróis foram deslocados para as extremidades, enquanto o vigia traseiro invade as laterais – o que suavizou a coluna traseira (“C”) e, associado à dianteira, passa impressão de que o hatch está mais largo. Por dentro o Golf mudou pouco, bem pouco. De fato, neste aspecto o modelo já apresentava grandes qualidades de construção – embora ainda careça de espaço para os passageiros do banco traseiro.

Antes das críticas à manutenção dessa 4ª geração, é bom ressaltar: as linhas dianteiras, em que os traços do “V” são substituídos pelos do “W” (repare no pára-choque), inauguram a nova tendência de design da Volkswagen. O Tiguan e mesmo o Golf alemão, que está prestes a ser mudado, trará essa nova assinatura – que estréia no “defasado” modelo brasileiro.

Os preços foram mantidos quase inalterados em relação à linha anterior. Houve alterações, sim, nas versões, com a suspensão de todas as séries especiais. As versões agora são quatro: duas básicas, com motores de 1,6 litro flexível em combustível de 101/103 cv ou 2 litros de 116 cv, por R$ 48.990,00 e R$ 56.300,00, na ordem. Mesmo “básico” o Golf traz de fábrica ar-condicionado, computador de bordo, sensores de auxílio ao estacionamento no pára-choque traseiro e o rastreador via satélite. Este recurso, segundo a Volkswagen, resolve um dos problemas crônicos do Golf. O preço de seu seguro teve substancial redução, exorcizando o fantasma que assombrava os proprietários do carro.

A versão seguinte é a Sportline, apenas no motor 1,6-litro com câmbio manual. Por R$ 52.990,00 soma à básica bancos de couro, rodas de 16 polegadas com pneus 205/55 R16 (são 195/65 R15 nas de entrada), luzes de neblina e defletor traseiro. Foi apresentada pelo marketing da VW como a provável “coqueluche” do modelo, com participação significativa nas vendas. As versões com motor 1,6-litro são as que mais vendem, com mais de 80% de participação.

A Comfortline tem apenas motor 2-litros e custa R$ 65.665,00. Traz os mesmos equipamentos da Sportline, mais ar-condicionado digital, frisos cromados na carroceria, volante e pomo da alavanca de câmbio revestidos de couro, bolsas nos encostos dos bancos dianteiros e banco traseiro bipartido, entre outros itens.

Diferem as versões Sportline e Comfortline daquelas de entrada, além dos equipamentos de série, os opcionais disponíveis. Apenas para as mais sofisticadas há oferta de itens como teto solar com acionamento elétrico, sensor de chuva e retrovisor interior eletrocrômico.

A versão de topo permanece a GTi, que deverá responder por algo próximo de 2% das vendas do Golf. Com câmbio manual, custa R$ 90.490,00; com caixa automática Tiptronic, vai a salgados R$ 102.595,00.

De origem VW-Audi, o conhecido motor quatro-cilindros de 1,8 litro e cinco válvulas por cilindro (3 para admissão, 2 para escapamento) teve sua eletrônica alterada para dar mais potência. A principal mudança foi o controle da válvula de alívio (wastegate) para proporcionar maior pressão do turbocompressor, de 0,8 para 0,9 bar, com novo mapa de avanço de ignição. A VW usou também o mesmo envio de sinal elétrico da bóia do tanque para o módulo de comando eletrônico do motor, que é usado nos motores flex como aviso de que o veículo foi reabastecido, para que o controle de detonação ("batida de pino”) aja mais prontamente. A maior pressão do turbo resultou em mais potência, exatos 193 cv a 5.500 rpm, o que daria ao GTI o título de mais potente carro nacional.

Caso o sensor de detonação perceba a ocorrência do fenômeno, caracterizado por uma segunda e irregular frente de chama na câmara de combustão que na maioria das vezes é destrutiva, a ignição e a pressão do turbo voltam aos parâmetros normais. Com isso, a potência cai aproximadamente 5% e fica parecida com a do motor "antigo", que rendia 180 cv.

Em resumo, o motor do GTI só chega aos 193 cv se for utilizada gasolina premium, de 98 octanas RON. Esse combustível tem maior resistência à detonação e permite toda a operação descrita acima. Se for usada gasolina comum ou comum aditivada, a potência é de 183 cv.

Enquanto isso, o Honda Civic Si, "ex-mais potente carro nacional", rende 192 cv com gasolina comum. Se for usada a premium, ganha 3 cv, passando a 195 cv – e mantendo seu título. A gasolina Podium, de 102 octanas RON e exclusiva da Petrobrás, não traz mais benefícios ao Golf, segundo a fábrica – o avanço da ignição está limitado a 5º adicionais.

De acordo com a VW, o Golf GTi com câmbio manual chega a 231 km/h de velocidade máxima e acelera de 0 a 100 km/h em 7,5 segundos. Com caixa automática, vai a 209 km/h e acelera em 8 segundos. Sempre abastecido com a gasolina de maior octanagem.

Nessa versão o Golf é equipado com airbags duplo e laterais, toca-CD com leitor de arquivos MP3, sistema de freios ABS com distribuição das forças de frenagem (EBD), controles de tração e de estabilidade, (novo) quadro instrumentos com fundo branco e iluminação cinza e rodas de 16 polegadas. Entre os opcionais, há teto solar, revestimento de couro, airbags tipo cortina e rodas de 17 polegadas.

Ao volante, o Golf mostra que felizmente nada mudou. Carroceria com alta rigidez torcional, suspensões muito bem acertadas (independente tipo McPherson na dianteira e por eixo de torção na traseira), câmbio com comando na medida e direção precisa dão prazer de dirigir. É certo que o GTi carece de molas/amortecedores mais firmes, condizentes com sua proposta – ainda é algo macio; falta chão para chegar ao nível do Polo GTi.

Vantagem dessa geração “veterana”, o hatch é fabricado há tempo suficiente para que sua construção esteja perfeita. No interior os encaixes não têm rebarbas, tudo está no lugar e na medida das necessidades do motorista. Claro, o entreeixos de 2,52 metros dá pouco espaço a passageiros, mas o acabamento é de qualidade e garante o conforto.

Se essas alterações vão render os frutos esperados pela VW, o tempo dirá. Mas é certo que a história tem vários exemplos de sucesso criativo motivados por grande necessidade.

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